A Universidade Federal da Bahia lamenta o falecimento, nesta quinta-feira, 27 de dezembro, de Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella de Oxóssi, aos 93 anos. Personalidade de grande destaque da cultura baiana, respeitada líder religiosa, Mãe Stella foi a quinta ialorixá (sacerdotisa mor) do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, em Salvador. Formada enfermeira, profissão que exerceu por três décadas, tornou-se Doutor Honoris Causa da UFBA em 2005 e, em 2013 foi eleita unanimemente para a Academia de Letras da Bahia, onde ocupou, até hoje, a cadeira 33 da casa, cujo patrono é o poeta Castro Alves.
Nasceu em 2 de maio de 1925, em Salvador, filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos e, aos 13 anos, foi levada ao Ilê Axé Opô Afonjá, para ser iniciada no candomblé no terreiro de Mãe Aninha, que se tornaria a sua casa por toda a vida. Em 1976, aos 51 anos, foi escolhida para ser a nova líder do Opó Afonjá. Em 1999 obteve do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o tombamento do terreiro. Estudiosa, Mãe Stella fez-se a primeira ialorixá no país a escrever livros e artigos sobre o candomblé para divulgar a religião.
Foi militante nas lutas pelo resgate da cultura afro-brasileira e contra o racismo. Montou no Ilê Axé Opô Afonjá o primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem ser vistas roupas e objetos de culto. Pregava respeito mútuo e convivência pacífica entre todas as religiões para que as pessoas se aproximassem pela fé.
Mãe Stella publicou nove livros, entre os quais Meu tempo é agora e Òsósi: o caçador de alegrias. Em 2017, idealizou e lançou um aplicativo com orientações e mensagens de fé e motivação e criou um canal no YouTube com ensinamentos e referências da cultura iorubá, memórias, depoimentos e textos sobre a sua vida. Foi agraciada com a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura, a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado da Bahia, e a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de Salvador.