“Estamos começando um novo momento. Eu sei do obscurantismo que vocês viveram nesses quatros anos e eu quero dizer que estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião com os reitores de universidades e institutos federais no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, 19 de janeiro.
Representantes de 106 instituições estavam presentes na reunião, entre eles, o reitor Paulo Miguez da UFBA. Em sua visão, o encontro com os reitores “sinaliza o respeito e o reconhecimento da presidência da República, da importância das Universidades e dos Institutos Federais para a vida brasileira”.
Miguez destacou falas centrais do presidente Lula durante o encontro de reitores. “O presidente manifestou seu reconhecimento e seu respeito, estabeleceu que o diálogo será um elemento central da relação com as universidades, especialmente para o enfrentamento dos desafios que quatro anos de ataques, de destruição vão exigir de cada um de nós. Disse com todas as letras que a Universidade terá sua autonomia respeitada, que o diálogo será permanente para a superação de desafio tão grande quanto será o desafio da reconstrução”.
Durante a reunião, disponível online, o presidente Lula afirmou estar alegre pela “chance de mexer com a educação. Nós temos a chance de mexer com a única coisa que pode salvar esse país. Com a única coisa que pode fazer esse país deixar de ser um eterno país em desenvolvimento para se transformar num país desenvolvido. E para isso, nós precisamos acreditar que temos que investir mais em universidades, mais em escolas profissionais e mais no ensino fundamental, mas também precisamos orientar quais os cursos mais importantes para o país, o que país mais precisa”, comentou o presidente Lula.
Ele se emocionou ao falar sobre o crescimento do ódio no país, alimentado pela extrema direita. “A gente não tem dimensão do retrocesso que aconteceu nesse país em cada escola, em cada local de trabalho, em cada local que as pessoas estavam habituadas a uma certa civilidade”, lamentou, destacando os episódios criminosos de invasão e destruição das sedes do Três Poderes em Brasília, em 08 de janeiro.
Em seu discurso, relembrou a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier, em 2017, que se suicidou em um shopping de Florianópolis dias após ter sido alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF), operação que Lula classificou como “aberração”. “Faz 5 anos e 4 meses que esse homem se matou pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas, que condenaram as pessoas antes de investigar e julgar”. Cancellier foi preso por um dia, afastado do cargo e proibido de entrar na universidade ao qual dedicou sua vida e carreira, em razão de um suposto desvio de recursos públicos em cursos e educação a distância. Nada foi comprovado contra o reitor.
Lula assegurou que, durante seu mandato, a autonomia das universidades está garantida na nomeação dos reitores escolhidos pelas comunidades acadêmicas. "Não pensem que o Lula vai escolher o reitor que ele gosta. Quem tem que gostar do reitor são os professores da universidade, são os funcionários da universidade. É a comunidade universitária que tem que saber quem é que pode administrar bem por ela. Isso eu posso garantir para vocês, vocês vão ter", afirmou Lula.
O presidente informou também que fará encontros anuais ao lado dos reitores para ouvir as demandas das universidades e institutos federais, além de alinhar compromissos.