O professor Olival Freire Junior, do Instituto de Física da UFBA, será o novo diretor científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Criada recentemente, a Diretoria Científica resulta da fusão das diretorias de Engenharias, Ciências Humanas e Sociais e de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde e é responsável pela definição e gestão dos temas e das linhas de fomento à pesquisa no país, atuando em relação direta com a comunidade científica, a fim de identificar suas agendas e prioridades, e refletindo as orientações do governo.
"É uma enorme honra fazer parte da casa do Almirante Álvaro Alberto [fundador do CNPq, em 1951], que se transformou numa instituição central para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Já estou sentindo o peso da responsabilidade, pois temos adiante o desafio de retomar a força e a pujança da pesquisa brasileira", afirma Olival, que destaca ainda a "honra de trabalhar sob a liderança da primeira mulher ministra da Ciência e Tecnologia no país, Luciana Santos, e do presidente do CNPq Ricardo Galvão, que considero um herói" - em referência à exoneração de Galvão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após ter denunciado o avanço das queimadas na Amazônia, em 2019.
Físico e historiador da ciência de projeção nacional e internacional, o professor Olival é também um gestor de comprovada competência. Sob sua condução, no reitorado do professor João Carlos Salles (2014-22), a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFBA conseguiu melhorar significamente as condições de realização da pesquisa e do ensino de pós-graduação na Universidade.
Olival foi pró-reitor de 2014 a 2019 e coordenou o Programa de Internacionalização da UFBA (Capes PrInt) entre 2018 e 2022. Nesse período, a pesquisa na UFBA experimentou um salto de qualidade a nível institucional - o que se traduz na contínua elevação dos indicadores de qualidade da pesquisa em avaliações oficiais; na internacionalização da atuação dos pesquisadores e da circulação das publicações da UFBA; na atração de intelectuais destacados, na condição de professores visitantes; mas principalmente, como afirma Olival, em um certo "estado de espírito".
"Diante de uma tentativa de desqualificação da universidade e da ciência, o modo como a UFBA reagiu a tudo isso ajudou a preservar nosso moral, nosso estado de espírito. A UFBA não se curvou, e essa resistência energizou a comunidade, de modo que passamos a fazer ainda melhor o que antes já fazíamos bem. Apesar das dificuldades, ninguém jogou a toalha", afirmou Olival, em recente entrevista. "Esse é um fator mais difícil de ser quantificado, mas não tenho dúvidas de que o orgulho de ser UFBA tem sido uma força material na qualificação da Universidade", observou.
Como pesquisador, Olival Freire Jr. tem se debruçado sobre a história da física e da constituição do campo científico no Brasil. Coordena, atualmente, projetos de pesquisa que congregam intelectuais do Brasil e do mundo - o mais recente intitula-se "História da ciência e da tecnologia no Brasil 1945-2000", que mapeia o desenvolvimento do campo científico no Brasil e suas dinâmicas de impulsionamentos e descontinuidades de financiamento. Em 2021, Olival organizou pela editora da Universidade de Oxford um "handbook" sobre história das interpretações da mecânica quântica. E em 2020, lançou pela editora alemã Springer uma biografia sobre o físico britânico David Bohm.
Olival Freire Junior
- Pesquisador 1-C do CNPq na área de História da Ciência
- Licenciado e Bacharel em Fisica pela UFBA
- Mestre em Ensino de Física pela Universidade de São Paulo (USP)
- Doutor em História Social pela USP
- Estágios de pesquisa pós-doutoral nas universidades Paris 7, Harvard, MIT e Maryland e no American Institute of Physics
- Senior Fellowship do Dibner Institute for the History of Science and Technology, MIT, EUA (2004)
Na UFBA:
- Pró-reitor de Pesquisa, Criação e Inovacão da UFBA (2014-2019)
- Coordenador do CAPES PRINT UFBA (2018-2022).
- Primeiro coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (M/D, UFBA-UEFS, Conceito 5 CAPES), do qual foi um dos fundadores.
- Orientou 13 teses de doutoramento e 20 dissertações de mestrado.
Livros e outras publicações:
- The Quantum Dissidents - Rebuilding the Foundations of Quantum Mechanics 1950-1990, 2015
- David Bohm - A Life Dedicated to Understanding the Quantum World, 2019
- The Oxford Handbook on the History of Quantum Interpretations, 2022 (editor).
- Teoria quântica: estudos históricos e implicações culturais, co-editado com O. Pessoa e J.L. Bromberg (vencedor do Prêmio Jabuti em 2011).
- Publicou quase 90 artigos em periódicos especializados, 4 livros, 5 coletâneas e mais de 40 capítulos de livros.
Cargos em associações científicas:
- Presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência (2010-2012)
- Presidente da Commission on the History of Physics - Division of History of Science and Technology (2013-2017)
- Integrante do conselho da History of Science Society (2018-2020)
- Membro do Conselho da Sociedade Brasileira de Física (2021-2025)
- Integrante do Comitê Assessor de História do CNPQ (2017-2023)