A formação de uma rede de cooperação entre as instituições públicas de ensino superior baianas, com o objetivo de apoiar e fortalecer o projeto político-pedagógico para a educação básica no estado, foi um “grande passo para delinear medidas e ações que elevarão a Bahia ao protagonismo que ela merece no cenário nacional”. A afirmação é do reitor da UFBA, João Carlos Salles, que nesta semana recebeu, na Reitoria, a visita do secretário estadual de educação, Jerônimo Rodrigues, e de reitores e representantes das seis universidades federais, quatro universidades estaduais e 12 institutos federais tecnológicos baianos.
Diante dos últimos dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referentes ao fluxo escolar e às médias de desempenho nas avaliações dos estudantes, que revelaram que a ocupa a Bahia a última posição entre os estados
brasileiros, o secretário Jerônimo Rodrigues manifestou sua preocupação e solicitou a parceria das várias instituições presentes no encontro, que aconteceu na terça-feira, 09 de abril. Rodrigues afirmou que “é preciso construir um projeto político pedagógico, a partir das experiências educacionais acumuladas em cada uma das instituições reunidas e que contemple aspectos específicos do desenvolvimento no estado, não se limitando apenas a um projeto de governo”.
De acordo com o secretário de educação, “será necessário abrir o diálogo para interlocutores de vários segmentos, a fim de erigir os pilares que nortearão a educação básica na Bahia, cujo sistema, atualmente, conta com cerca de 1,2 mil escolas mais 700 anexos”. A parceria com as universidades será fundamental para elaborar procedimentos de avaliação da educação básica, disse ele, enfatizando aspectos como a análise e o diagnóstico, principalmente, de como estão os estudantes. “E isso, possibilitará uma antecipação para a Prova Brasil, que será aplicada no mês de outubro”, completou.
Apesar de haver muitos desafios pedagógicos, o assessor especial da Secretaria de Educação, Marcius Gomes, ressaltou a importância da elaboração de propostas para vencer os obstáculos do ensino-aprendizagem, como, por exemplo, a realização de Olimpíadas (de matemática, física, biologia e etc) e Prêmios (Paulo Freire e Anísio Teixeira). Gomes ressaltou que, junto com os incentivos, também será preciso que o projeto de ensino esteja afinado com a dinâmica do sistema educacional do estado, respeitando suas especificidades regionais e aspectos para além da educação como ciência e tecnologia, desenvolvimento e agricultura familiar.
A formação de professores a partir de um outro paradigma de educação, voltada para a rede pública, foi enfatizada pela superintende de políticas básicas da Secretaria de Educação (SEC), Manuelita Brito. Nesse aspecto, “a contribuição das universidades será muito importante, pois é de lá que saem os profissionais licenciados”. O atual assessor da SEC e ex-reitor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Paulo Gabriel Nacif, chamou atenção para o desafio de “manter uma educação pública de qualidade em todo o território baiano e colocá-la em outro patamar”, e seu chamado foi consenso entre os demais reitores e seus representantes.
Manifestações de apoio
O diretor da Faculdade de Educação da UFBA (Faced), Cleverson Suzart, salientou o compromisso da unidade da UFBA nessa rede de colaboração. Ele ressaltou a perspectiva de uma educação emancipatória e uma nova arquitetura escolar. Do ponto de vista da carreira dos docentes, Suzart colocou a educação continuada como prioridade, além de planos de carreiras estabelecidos pela rede educacional. Para Suzart, também é preciso que os projetos “aproximem a universidade das escolas e comunidades locais”.
A inserção nos respectivos contextos sociais e geográficos, foi defendida pela reitora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), Iracema Veloso. De acordo com ela, a universidade do Oeste recebe 77,5% de estudantes das escolas públicas e tem um alto nível de reprovação em disciplinas de cálculos e língua portuguesa, então a instituição passou a manter um núcleo comum para trabalhar oficinas de redação, pois “como universidade pública não é possível se eximir de tal responsabilidade”, admitiu Veloso. E o reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Luiz Otávio de Magalhães, acrescentou que “não temos o direito de virar as costas para regiões nas quais estamos inseridos”.
E quando não for possível atender às adjacências, os reitores lembraram das potencialidades proporcionadas pela educação a distância e que devem ser exploradas pelas universidades, em meio à grande extensão territorial do Estado da Bahia. Nesse sentido, o reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Evandro do Nascimento Silva, lembrou da efetivação de políticas públicas para a educação básica que “fomentem a capilaridade no território baiano a fim de também, mover atores não-acadêmicos, ligados à educação”.
A reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Adélia Pinheiro, que será a nova secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), colocou que “é preciso entender que educação de qualidade se inicia no berço e é construída durante toda a vida com atenção especial para a educação básica”. Dessa importância, surge “a forte relação com a formação universitária, pensando um currículo com identidade com a escola e atenção diferenciada para a inclusão e acesso”, defendida pela diretora do Campus Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Míriam Reis.
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