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Aventura, aprendizagem e romance a caminho do Alaska

Expedição chegou ao Alaska, em junho

Em 16 de junho passado, o veleiro Fraternidade chegou a Seward, Alaska, seis meses e meio depois de sua partida do porto de Salvador, em 3 de dezembro de 2016. De lá, o comandante Aleixo Belov, 74 anos, um ucraniano que cedo se fez baiano e mais adiante viajante do mundo, enviou um vídeo do trecho final da viagem no Pacífico, fotos e uma saudação especial para a UFBA, por meio de Olívia Oliveira, diretora do Instituto de Geociências (IGEO).

“Aleixo Belov e sua tripulação desejam agradecer a todos que ajudaram a cumprir esta tarefa, aos que supriram minha falta na Belov Engenharia Ltda durante minha ausência e aos que torceram ou rezaram para que nossa missão fosse realizada”, ele disse num trecho da mensagem. Tinha passado por nove portos, muitas aventuras, paisagens deslumbrantes, e chegara ao destino. A partir daí, pode começar a planejar a longa viagem de volta.

Alguns dias antes da partida do Fraternidade, em 21 de novembro passado, o reitor João Carlos Salles tinha manifestado o apoio institucional da UFBA à viagem organizada e comandada por Belov que, entre os sete tripulantes, incluía uma ex-aluna do curso de Oceanografia do IGEO, Anita Oliveira, 26 anos. Já no Panamá, a ela se integraria um mestrando do mesmo curso, Rafael Fonseca Ribeiro, orientando do professor José Landim Domingues, coordenador, entre outras atividades, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Ambiente Marinho Tropical (INCT-AmbTrop).

Aliás, Landim orientara também Anita no TCC (trabalho de conclusão de curso) e, diga-se já, esse não era o único elo entre ela e Rafael. Namorados, ao se encontrarem no percurso do Fraternidade entre o Canal do Panamá – que rendeu algumas das melhores cenas dos vídeos de narrativa da viagem do Fraternidade, veja links mais abaixo – e a impressionante Ilha de  Galápagos, com direito a passagem pela bela Ilha de Cocos, eles acrescentaram uma boa pitada de romantismo à travessia. Ficaram noivos. Mas são eles mesmos que melhor contam essa e outras passagens nos belos depoimentos (abaixo), que escreveram especialmente para o Edgardigital.

Desdobramentos românticos à parte, Olívia observava na reunião de 21 de novembro com Belov, no IGEO, não ter dúvidas de que ”conhecimentos técnicos e científicos” resultantes da viagem iriam “incorporar bagagem acadêmica à instituição”. Era, a rigor, uma reiteração de parte do que havia sido destacado na homenagem prestada ao navegador e engenheiro formado pela Politécnica da UFBA, durante o Congresso Brasileiro de Oceanografia no começo daquele mês, no Instituto.

“Aleixo Belov nasceu em 09 de janeiro de 1943 em um subterrâneo de Merefa, na Ucrânia, durante a Segunda Guerra Mundial, já na zona ocupada pelas tropas alemãs”, começava o relato biográfico preparado especialmente para a ocasião. “Para fugir dos horrores da guerra, seu pai, Dimitri Belov, agrônomo, resolveu emigrar e se afastar da linha do front acompanhado de sua mulher Zinaida Belov, médica, e seus dois filhos Olga Belov de 3 anos e Alexey Belov de apenas 7 meses”.

Pai, mãe e filhos Belov, depois de muito perambular pela Europa, chegaram a Gênova, “onde embarcaram no General Hoolbroock”, um navio de transporte de tropas que havia passado a transportar emigrantes. “Escolheram o Brasil por ser um país de grande extensão territorial, que com certeza estaria precisando de agrônomos. Foi assim que o pequeno Alexey Belov fez sua primeira viagem marítima. Ele chegou ao Brasil em junho de 1949, já com 6 anos de idade e passou a chamar-se Aleixo Belov”.

O perfil biográfico conta que, em Salvador, Aleixo Belov “terminou o primário, depois o ginásio, o curso científico, cursou Engenharia Civil na UFBA e naturalizou-se brasileiro, abdicando a nacionalidade ucraniana. Dez anos depois, tornou-se professor da disciplina intitulada Portos, na mesma escola onde estudou”.

As viagens – e os livros que as narraram – viriam para valer a partir de 1980, com o Três Marias, o veleiro que ele mesmo construiu. Depois de três voltas ao mundo nessa embarcação, “assim que Aleixo Belov conseguiu recursos suficientes, resolveu construir o Veleiro Escola Fraternidade para dar uma oportunidade a jovens brasileiros de navegar e poder transmitir o que conseguiu aprender nas 3 viagens anteriores”

É ainda o relato biográfico coordenado por Olívia Oliveira que lembra a quarta volta ao mundo e o treinamento de 26 alunos ao longo de sua realização. “Saiu em 16 de janeiro de 2010” e voltou após 21 meses, “depois de parar em 38 portos, percorrer todos os oceanos, o Mar Vermelho, o Mar Mediterrâneo, o Mar Negro e visitar inclusive a Ucrânia e, nela, o lugar em que nasceu”. Esse lhe valeu a concessão pela Presidência da República do título de “Cavaleiro da Ordem do Mérito Naval” e duas medalhas.

Outra viagem, com 10 pessoas, aconteceu por cinco meses a partir de 21 de outubro de 2013, rumo à Antártica. E por último, veio em 2016 a viagem ao Alaska. São muitos os vídeos narrando essa viagem e o Edgardigital deixa, a título de amostra, os links de três deles:

  1. o primeiro, disponibilizado em 30 de janeiro, mostra de perto a travessia do Oceano Atlântico para o Pacífico pelo Canal do Panamá : https://www.youtube.com/watch?v=t2RiL8mqOhg&t=66s
  2. o segundo, de 14 de fevereiro, mostra a beleza da Ilha de Cocos, pertencente à Costa Rica: https://www.youtube.com/watch?v=IqJPvj8ZdS0
  3. o terceiro, publicado em 24 de fevereiro, observa a fascinante Galápagos, com sua Estação Científica Charles Darwin e sua fauna tão especial: https://www.youtube.com/watch?v=mj3NuNpOm4c

 

Confira matéria completa com depoimentos dos viajantes no EdgarDigital.