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Professora Dora completa um ano de Reitorado na UFBA

Posse ocorreu em Brasília, no dia 19 de agosto de 2010

 

Comemorando hoje o seu primeiro ano como reitora da UFBA a professora Dora Leal Rosa concedeu entrevista à repórter Laís Vita, do jornal Correio, que transcrevemos a seguir:

“Consolidar e inovar. Defendendo o slogan da campanha realizada em 2010, a professora e socióloga Dora Leal Rosa chegou ao cargo de reitora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no qual está completando um ano. Reconhecida pela comunidade acadêmica pelo caráter técnico de sua gestão, Dora admite as dificuldades desse primeiro ano de gestão, mas se diz otimista quanto a 2012. “Tenho certeza que teremos ainda mais avanços”, diz.

Para a reitora, esse primeiro ano frente à Ufba foi de aproximação da equipe com os problemas da universidade e consolidação da gestão anterior, de Naomar Almeida. “Não vamos suspender o que está em andamento ou  já estava negociado para ser implementado”, afirma. Em entrevista ao CORREIO, Dora fala sobre o que foi e o que será do seu mandato como reitora, da segurança nos campi e das novidades no ingresso à universidade no próximo ano, que deve ser feito pelo Enem. 

A gestão da senhora é vista pela comunidade universitária da Ufba como mais técnica e menos política que a anterior. A senhora concorda?
Talvez por causa da minha origem na pró-Reitoria de Planejamento e Administração eu tenha trazido isso para minha experiência na Reitoria. Mas nenhum gestor é puramente político ou puramente técnico. Talvez o que esteja distinguindo a minha gestão da do professor Naomar é que eu tenho conduzido as questões administrativas da universidade e as tenho acompanhado. Há essa dimensão técnica, certamente.

O maior projeto do ex-reitor era o Reuni, que foi aprovado em 2007 e implantado em 2008. As metas de expandir a universidade e aumentar o número de vagas estão sendo alcançadas?
Não, não completamos ainda todas as metas porque o Ministério da Educação (MEC) também não conseguiu nos dar todas as condições de infraestrutura para que nós as atingíssemos. Não foram liberados todos os cargos docentes que estavam previstos e nem os cargos técnicos, além dos cargos de direção, que o MEC havia assegurado que liberaria.

Em setembro de 2010, o CORREIO publicou uma matéria sobre o início do semestre na Ufba. Nesse período, muitos alunos acabaram perdendo disciplinas porque não havia professor. Aumentou o número de vagas, mas não foram contratados professores suficientes. Isso pode voltar a acontecer?
Realmente, foi um começo de semestre muito difícil. Fizemos concurso em janeiro e fevereiro e estamos fazendo de novo agora para preencher 300 vagas de cargo docente. Em 2011, essa questão foi minimizada, mas não foi totalmente resolvida. Nós temos problemas exatamente porque, como mencionei, as vagas de docentes do MEC não foram disponibilizadas na sua integridade. Tivemos problema nesse primeiro semestre, em menor grau, e, se tivermos problemas agora, em 2011.2, certamente serão ainda menores.

As cotas completaram sete anos este ano. Em 2014, devem ser reavaliadas. Como a senhora avalia a evolução da política?
Em primeiro lugar, foi uma política acertada. A nossa universidade acertou em assumir destinar grande parte das suas vagas ao egresso da escola pública. É importante dizer que a nossa política coloca como primeira variável o egresso pela escola pública e a segunda para afrodescendentes. Uma outra observação é que os estudantes que ingressaram na universidade através dessa política têm se saído muito bem nos seus estudos. Agora, como os nossos conselhos superiores vão avaliar essa política, nós já estamos levantando esses elementos. Temos um grupo de avaliação institucional que deve conduzir os estudos. De posse deles, vamos encaminhá-los ao conselho universitário. Teremos dados que vão permitir decidir sobre a continuidade das cotas.

As cotas foram a primeira grande ação de políticas afirmativas na universidade, mas uma crítica vinda de dentro da própria Ufba é a falta de programas de permanência, de assistência estudantil. Há projetos ou planejamentos encaminhados para ampliar essa política?
Sim, nós estamos ampliando o programa de permanência, mas também temos outros projetos. Há diferentes programas de iniciação científica, com bolsas. Temos também a ampliação dos programas de residência, que não permite somente que o estudante more nas residências universitárias, mas ganhe também a bolsa. Temos os programas que permitem aos estudante carentes se alimentar no restaurante universitário a custo zero. Não é ainda na dimensão que nós gostaríamos, mas estamos avançando. A situação das residências estudantis é também um outro ponto muito criticado.

Estamos finalizando uma nova residência na (avenida) Garibaldi. Lá, os estudantes estarão em pequenos flats, com cozinha, tanque, sala de estudo, dois quartos, com capacidade de quatro pessoas por flat.  Faltam apenas pequenos arremates para que a construção seja aceita. Ela deve receber 200 estudantes. Paralelo às residências, temos o auxílio-moradia, que muitos estudantes preferem receber e morar em outro local.

A Ufba já sinalizou estar discutindo a implementação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no vestibular de 2013. Já há alguma definição?
Nós compreendemos que o Enem é algo muito importante para a educação brasileira, e encaminhamos ao conselho acadêmico de ensino uma proposta de que a primeira fase do nosso processo seletivo se desse por meio dele. O conselho acadêmico acolheu a proposta, mas entendeu que não deveria implementá-la este ano. Esperamos que o ingresso para 2013 tenha o exame como primeira fase do processo. Eu acho que isso valorizaria o ensino médio e o estudante poderia focar na área específica para a segunda fase, que continuaria igual.

Existe a proposta do Busufba, ônibus que levaria os alunos entre os campi no horário das aulas. Como está o projeto?
Fiz solicitação à prefeitura, quando firmamos um protocolo de cooperação em maio deste ano e levamos essa demanda. Fiz também a solicitação de uma passarela no Vale do Canela, ligando a Faculdade de Educação ao ICS, do outro lado. Argumentei que se tivesse uma passarela poderia-se tirar a sinaleira e o tráfego fluiria melhor. Mas não tive retorno ainda. Estamos estudando algumas novidades para 2012, como um bondinho ligando a Politécnica (na Federação) ao campus de Ondina, por exemplo.

A segurança é um problema da universidade, que tem suas dificuldades criadas também pela estrutura, em especial no campus de Ondina, que tem um perímetro muito amplo e zonas não construídas. O que está sendo feito pra resolver isso?
Nós ampliamos a vigilância eletrônica - temos hoje 400 câmeras dentro dos nossos campi de Salvador. Na pró-Reitoria da Administração temos uma central de monitoramento em que a gente pode mapear todos os dois campi - Ondina e Canela -, e ampliamos o numero de vigilantes. Também fizemos investimento no campus, desmatamos, abrimos trilhas. Isso tudo traz segurança. Além disso, a segurança ultimamente está circulando, com carros, dentro do campus, para dar cobertura em casos de possíveis assaltos que não tivemos e espero que não tenhamos. Pelos registros que tenho, este ano só tivemos o episódio da Faculdade de Comunicação (um laptop roubado) e em frente à Faculdade de Odontologia (violência contra estudantes). Não tivemos muitas, mas não queremos ter nenhuma”.

Fonte: Correio, 19/08/11